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Bad Bunny entra pra história com show 'No Me Quiero Ir de Aquí'

  • Foto do escritor: midiabr
    midiabr
  • 23 de set.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de set.


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Fechar uma residência no Coliseo de Puerto Rico com um espetáculo chamado "Una Más" não é apenas o encerramento de uma série de shows — é um gesto público, quase cerimonial, que Bad Bunny transformou em manifesto. A noite que selou No Me Quiero Ir de Aquí foi, ao mesmo tempo, celebração e compromisso: celebração da música, da convivência e da festa coletiva; compromisso com a ilha que o formou e com uma narrativa de resistência que ele tem repetido com força crescente.


Em termos de produção, o que chama atenção não é só a escala — a residência somou dezenas de apresentações e mobilizou público e economia locais — mas a inteligência com que essa escala foi usada. O palco se converteu em “casita”, em altar doméstico que colocou a cultura boricua no centro do espetáculo, e a mistura de ritmos (bomba, plena, salsa e reguetón) agiu como fio condutor de uma dramaturgia que é, simultaneamente, íntima e monumental. A transmissão global via Prime Video, Amazon Music e Twitch transformou esse gesto local em espetáculo planetário, sem que se perdesse a sensação de pertença.


O tom político do concerto — lembrando vítimas do furacão María, apontando problemas como apagones e gentrificação, e convocando solidariedade — foi o que deu ao show uma gravidade necessária. Não se tratou de transformar o palco em tribuna preponderantemente eleitoral, mas de usar a visibilidade para lembrar que a cultura e o entretenimento também servem como memória coletiva e instrumento de pressão social. Esses momentos de discurso e homenagem fizeram com que a festa não fosse só fuga: foi afirmação.


Musicalmente, o equilíbrio entre espetáculo e autenticidade funcionou. Bad Bunny manteve a energia de pista de dança — há trechos do show que soam como uma festa de bairro — e, ao mesmo tempo, modularam-se pausas para canções que pedem atenção e voz coletiva. As participações especiais (de artistas locais e consagrados) ampliaram o sentido comunitário da noite: foram convites para que várias gerações partilhassem o mesmo microfone e a mesma história. Esse entrelaçamento de repertório popular e ambições maiores é o que faz a residência transbordar o formato tradicional de show.


Há também uma dimensão prática que não dá para ignorar: a residência movimentou cifras e turismo, e ao mesmo tempo abriu espaço para iniciativas econômicas e educacionais anunciadas em parceria com instituições locais. Transformar um ciclo de 31 shows em legado — seja por investimentos, visibilidade internacional ou ações comunitárias — é parte do gesto artístico ampliado que definiu essa temporada.


No fim, o que permanece é uma imagem simples, potente: milhares cantando juntos sob a mesma chuva de luz, uma ilha lembrando a si mesma que pode celebrar sem esquecer. Bad Bunny transformou No Me Quiero Ir de Aquí em algo maior que um ciclo de shows: foi uma reafirmação de pertencimento, uma usina de memória coletiva e, ao mesmo tempo, um mapa do que a música popular contemporânea pode — e talvez deva — fazer quando decide falar alto sobre sua casa.


Assista à transmissão completa:


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